quinta-feira, 15 de junho de 2017

SINAL E O INSTRUMENTO DE TRABALHO

Em 03/05/2017 o Respeitável Irmão Carlos Augusto Guimarães, Loja Irmão Firmino Escada, 2.220, REAA, GOSP-GOB, Oriente de Lorena, Estado de São Paulo, solicita o seguinte esclarecimento:

SINAL E O INSTRUMENTO DE TRABALHO.


Um Irmão de nosso Quadro de Obreiros afirma que durante os trabalhos da Oficina as Luzes da Loja devem fazer saudações, baterias e etc., com os malhetes.
Entendo equivocada a interpretação do nosso Irmão, já que em inúmeros manuais de dinâmica ritualística consta que “Todos os Sinais maçônicos são feitos com a mão e jamais com instrumentos de trabalho (Malhetes, Espadas, Bastões, Sacolas, Livros, etc.)”.
Inclusive o editado pelo GOSP, pela administração 1987/1991, revisado em fevereiro/1991, (fls. 18) quando fala que “Não se faz sinal portando Malhete”.
Entendo, finalizando, que não se faz os sinais com instrumento de trabalho e isso vale tanto para o Sinal de Ordem quanto para Saudação. Assim, Veneráveis e Vigilantes, na abertura e fechamento dos trabalhos, devem deixar os malhetes sobre suas mesas, fazendo os Sinais com as mãos, só usando os malhetes para as baterias. Da mesma forma, os demais portadores de instrumentos (espadas, bastões) não devem fazer Sinais, quando portando instrumentos de trabalho. Desta forma, solicito ao Dileto Irmão seja aclarada a questão posta, ou seja, se as Luzes da Loja devem ou não, durante os trabalhos da Oficina, fazer saudações, baterias e etc. com os malhetes.

CONSIDERAÇÕES.

É universal o costume de se fazer Sinal apenas com a mão, ou mãos conforme o caso, destacando-se que os Sinais Penais são feitos sempre com a mão direita, cujo objetivo é o de concordar simbolicamente com a pena descrita na ocasião das “obrigações” prestadas.
A questão é a de que não se faz Sinal usando para tal um instrumento ou um objeto de trabalho, o que em síntese significa que não se usa o objeto para com ele se compor ou executar um Sinal, seja ele o Gut\, o Cord\ ou o Ventr\.
Mas o que ocorre é que desfortunadamente muitos Irmãos ainda não aprenderam a discernir um Sinal maçônico de uma “postura assumida” quando se empunha um objeto de trabalho, como um malhete, por exemplo - estando parado ou em deslocamento.
Assim, na regra ritualística de alguns ritos maçônicos, quem fica à Ordem, obrigatoriamente compõe o Sinal com a mão, ou mãos, entretanto se a sua mão direita estiver ocupada, ele não faz Sinal, porém se mantém a rigor com o instrumento de trabalho.
No caso do Venerável Mestre e dos Vigilantes, que tem como instrumento de trabalho o malhete, eles, ao se posicionarem à Ordem, deixam os seus respectivos malhetes sobre o móvel à frente e compõem o Sinal com a(s) mão(s). É hábito, mais do que anacrônico, o de ainda se achar que pousando o malhete no lado esquerdo do peito se esteja compondo um Sinal.
O que pode acontecer, dependendo da ocasião, é que uma das Luzes da Loja (ou todas elas) careça de se deslocar pela Loja com o malhete. Nesse caso, em deslocamento, ele empunha o malhete com a mão direita tendo o respectivo braço colado ao corpo e o antebraço na horizontal direcionado para frente. Estando parado, ele se mantém com o corpo ereto, pés em esquadria e o malhete por sua vez, agora descansado no lado esquerdo do peito, o que se faz girando o antebraço direito para a esquerda na horizontal. Entenda-se mais uma vez que isso não é Sinal, mas sim uma postura “a rigor” usando o instrumento de trabalho.
Agora, estando as Luzes da Loja (Venerável e os Vigilantes) em pé e à frente dos seus assentos, ratifico: eles compõem o sinal com a(s) mão(s).
Na verdade, qualquer obreiro que por dever de ofício traga consigo um objeto de trabalho, para tal existe postura, tanto durante o seu deslocamento como parado. É o caso do Mestre de Cerimônia trazendo o bastão ou a bolsa de propostas; do Hospitaleiro com a bolsa de solidariedade; dos Cobridores e Expertos com a espada quando desembainhada, etc.
Note-se que nenhum deles ao estar empunhando um instrumento de trabalho usa-o para fazer um Sinal, isto é, o Mestre de Cerimônias, por exemplo, não faz o Sin\ Gut\ passando o bastão pela sua garganta, nem o Vigilante faria a mesma coisa com o malhete, etc. Daí a advertência de não se usar nenhum instrumento de trabalho para se executar um Sinal maçônico.
No que diz respeito à percussão dos malhetes pelas Luzes, observo que não é errada essa prática durante as baterias dos Graus antes da aclamação ou mesmo durante aplausos. Se porventura for adotada essa prática (na minha Loja se faz isso), ela não estaria errada, aliás, no rigor da ritualística, todas as baterias executadas pelas Luzes da Loja deveriam ser perpetradas com o malhete.
Como último comentário e em nome da boa ritualística devo lembrar que quem estiver à Ordem, ou “a rigor” e parado em Loja aberta no REAA\, sempre estará em pé, com o corpo ereto feito um prumo e os pés em esq\, pois não se deve compor um Sinal ou ficar a rigor, sentado. Ou ainda, em pé com as pernas afastadas uma da outra, ou o corpo inclinado.
Concluindo, não vou comentar os manuais de dinâmica mencionados na sua questão porque eu entendo que um manual deveria ser peça complementar do ritual em vigência para não existir contradição do tipo: antes era assim, na minha Loja se fazia assim, quando eu fui iniciado aprendi assim, etc. Infelizmente no presente e até agora não existe nenhum manual oficial em vigor editado pelo Poder Central do GOB, constando inclusive Decreto de 2009 proibindo os que eventualmente possam ainda existir, o que é mesmo lamentável.


T.F.A.

PEDRO JUK



JUNHO/2017

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