terça-feira, 20 de junho de 2017

POSIÇÃO DO PAINEL DO GRAU NA LOJA

Em 07/05/2017 o Respeitável Irmão Euro Ferreira Guedes, Loja Pedro Michael Struthos, 2.065, REAA, GOB-RO, Oriente de Guajará Mirim, Estado de Rondônia, solicita os seguintes esclarecimentos: 

POSIÇÃO DO PAINEL DO GRAU NA LOJA


Qual a melhor maneira de ser colocado o Painel do Grau, em Loja? O Ritual diz que ele estará no meio do Templo, no Ocidente. Algumas Lojas colocam um porta-painel e então o Painel fica em pé, no centro do Templo, voltado para o Ocidente. Evidentemente, somente os Irmãos que estão no Ocidente, do meio do Templo para a entrada podem ver o Painel. Sei que algumas Lojas o colocam deitado no chão, que pode ser então observado por todos em Loja. Qual seria o correto? Na pag. 50 do Ritual GOB 1. Grau, (último parágrafo) diz que o Mestre de Cerimônias EXPÕE o Painel do Grau. O que significa exatamente EXPOR o Painel do Grau? Muitas Lojas usam um Porta Painel onde ficam os 3 Painéis, do lado avesso e o Mestre de Cerimônias o desvira, conforme o Grau que a Loja esta trabalhando. O Ritual é omisso quanto a esse Porta-Painel. Qual seria a melhor maneira de guardar os Painéis e expô-los conforme diz o Ritual?

CONSIDERAÇÕES

No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito o Painel da Loja originalmente se localiza ao centro do Ocidente e sobre a linha imaginária do equador do Templo (eixo).
Costumeiramente ele é colocado em um dispositivo (porta-painel) que o suporta na posição quase na vertical, levemente inclinado para trás, tendo a sua face voltada para o lado da porta de entrada do Templo. Ele só fica à mostra se a Loja estiver aberta ritualisticamente (trabalhando).
Existe dispositivos porta-painéis que acondicionam os três quadros concernentes aos respectivos graus simbólicos, ficando exposto apenas o que corresponde ao grau de trabalho da Loja. Exposto, o Painel mantém a sua base (sua parte de baixo) direcionada para o Pavimento Mosaico (piso de todo o Ocidente).
Não é comum expor o Painel deitado sobre o piso, já que essa posição é mais adequada para os “tapetes decorados” que são adotados, ao invés do Painel, por alguns ritos, a exemplo do Schröder.
Em um breve relato da sua história, no princípio, os Painéis eram desenhados (riscados) com giz ou carvão no chão das salas das tabernas usadas pelos maçons antigos por ocasião dos trabalhos da Loja. Encerrada a sessão os desenhos eram literalmente apagados – o que não era um procedimento muito prático. Havia também o costume, sobretudo nos espaços ocupados nos adros das igrejas, de quando a Loja operativa se reunia o de se usar uma espécie de tablado grande de madeira com bordas salientes onde era despejada e alisada sobre ele areia seca para que nela fossem riscados os símbolos, cujos quais eram desmanchados no encerramento. Esse antigo costume, tanto o de riscar no chão como o do tablado, seriam, a partir da Moderna Maçonaria, transformados em um tapete decorado que ia estendido no centro da Loja durante os trabalhos. Concluídos esses, o mesmo era enrolado e guardado. Já no século XIX com a evolução dos costumes, os tapetes então seriam substituídos em muitos ritos por painéis, tais quais como os conhecemos na atualidade, sendo que os primeiros foram elaborados pelos maçons Willian Dight e John Harris.
Prosseguindo em atenção à sua questão, no que diz respeito ao ritual em vigência no GOB e o verbo transitivo direto e indireto “expor”, ele significa o ato de pôr o painel à vista, nesse caso, coloca-lo ou desvirá-lo no suporte (porta-painel). Obviamente que essa exposição não possui nenhum caráter de preciosismo ao ponto que ele careça de um lugar específico onde todos, de qualquer quadrante do recinto, literalmente possam contemplá-lo. Para tanto, já é suficiente que ele seja colocado ao centro e na forma de costume conforme instituído pelo rito. Na verdade a localização do Painel aproximadamente coincide com o lugar do tapete, só que esse último vai estendido no chão (na horizontal), já o Painel fica a moda de um quadro emoldurado em pé (quase na vertical).
Quanto à omissão no ritual mencionada na sua questão, não a vejo, pois não há como nele mencionar detalhadamente os procedimentos de cada rito e, em particular minudenciando um dispositivo que sirva como porta-painel. Note que na Planta do Templo indicada nos rituais do REAA em vigência no GOB, aparecem os Painéis ao centro do Pavimento Mosaico, mas apenas como referência, já que lá eles se apresentam deitados, entretanto é apenas uma forma figurada de mencionar a existência do Painel naquele lugar, mas que consuetudinariamente ele fica posicionado na vertical ao centro. A posição vertical do Painel tem apenas o caráter de tornar prático e confortável o seu manuseio.
O que não é permitido e que não raras vezes se vê por aí, é o equivocado costume que alguns Mestres de Cerimônias inventaram de ao expor o Painel, antes de o fazerem, erguem-no com as mãos ao alto e o giram para todos os quadrantes da Loja como se o estivessem apresentando para a assembleia. Isso nada mais é do que mera filigrana. Basta que o Oficial o exponha na forma de costume junto ao dispositivo e nada mais.
Finalizando, menciono que o dispositivo próprio (porta-painéis) não é elemento obrigatório, pois o importante é o Painel que, ao ser exposto pode apenas ficar encostado em outro objeto que lhe possa servir de suporte.

E.T. – Para melhores esclarecimentos sobre as origens dos Painéis da Loja, veja o livro de minha autoria – Exegese Simbólica para o Aprendiz Maço – Tomo I, Editora Maçônica A Trolha, Londrina, Pr.


T.F.A.

PEDRO JUK



JUNHO/2017.

2 comentários:

  1. Prezado irmão, agradeço pela explicação detalhada. Pelo que pude compreender, apesar do costume em se posicionar o painel na vertical, não haveria nenhum problema em posicioná-lo na horizontal. Estou certo?

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    1. O modo mais utilizado, digamos... Consagrado, é que ele fique num dispositivo como vemos costumeiramente. No que diz respeito a ele ser exposto deitado diretamente no piso, não há óbice mas me parece não ser muito prático, sobretudo quando ele for fechado pelo encerramento. Tenho dito, se há um modo consagrado e aceito da exposição do painel, para que complicar. O painel não é tapete, e também não se riscam os símbolos no chão como era comum nas velhas tabernas.

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