BASTÕES, VARAS E HASTES. INSTRUMENTOS DE TRABALHO NA LITURGIA MAÇÔNICA
I.
INTRODUÇÃO.
Na
intenção de trazer um pouco de luz no sentido de esclarecer aspectos da
liturgia maçônica, essa peça de arquitetura tem o mote de abordar a origem na
Maçonaria de um instrumento de trabalho, até certo ponto bastante comum, utilizado
em Loja na ritualística do Craft inglês pelos Diáconos e pelo Diretor de
Cerimônias.
Embora
essa peça seja dirigida à prática maçônica inglesa em particular, algumas peculiaridades
do tema, pelo seu caráter histórico, podem ser consideradas também para alguns ritos
de origem francesa.
Devido
ser um dos meus ofícios o de responder, dentro do possível, questões sobre
Maçonaria, eu tenho recebido muitas perguntas e comentários que envolvem o uso
do bastão e a sua origem.
Essa
semana providencialmente eu recebi do Respeitável Irmão Joselito Hencotte um site
inglês referendado às Lojas da Província de “East Lancashire”, cujo qual trazia,
dentre outros, uma palestra-instrução sobre antigos símbolos do Ofício, dos
quais, um em especial, tratava das “varas” (como é comumente tratado o bastão nos
trabalhos ingleses) utilizadas pelos Diáconos e pelo Diretor de Cerimônias nos
trabalhos da Loja.
Esse
texto foi baseado na Obra do Irmão Neville Cryer que, segundo o Irmão Joselito
foi um dos melhores pesquisadores que a Maçonaria Inglesa teve. Cryer foi um
pastor anglicano que após ter se aposentado do seu ofício religioso, dedicou-se
profundamente à pesquisa maçônica.
Assim,
devida a carência de informação sobre esses instrumentos de trabalho o conteúdo
imediatamente me chamou atenção, pelo que me apressei em traduzi-lo adaptando-o
ao nosso vernáculo inserindo no texto aspectos linguísticos visando melhorar a
sua compreensão. O texto original em inglês pode ser encontrado no site
mencionado no Item III desse trabalho.
Do
mesmo modo ao apresentar essa tradução, sobre ela vão adicionadas várias notas
ao seu final com comentários explicativos que se destinam melhorar a compreensão,
bem como chamar a atenção para tópicos históricos que deram algum suporte na
construção da ritualística maçônica.
II.
CONSIDERAÇÕES
NECESSÁRIAS.
Sobre
a tradução do texto baseado na obra do Irmão Neville, buscou-se nela não dar simplesmente
uma tradução literal, mas sim buscar a expressão do pensamento do autor e dos
elaboradores da instrução para as Lojas da província do leste de Lancashire.
Ratifica-se
que a abordagem litúrgica sobre os Diáconos e o Diretor de Cerimônias aqui mencionados
relaciona-se aos oficiais que exercem ofício nas Lojas do Craft Inglês, porém
pela amplitude que envolve a história maçônica, outros fatos foram acrescidos
(na tradução e nos comentários do tradutor) na intenção de abordar eventos além
do Craft.
Por
conseguinte e na medida do possível os meus comentários expressos nas notas
objetivam com simplicidade somar conhecimentos além dos que se apresentam no texto
principal desse arrazoado.
III.
O
TEXTO TRADUZIDO.
- Os números sequenciais encontrados no texto referem-se
às notas e comentários elaborados pelo tradutor e apresentados no item
seguinte.
Província de East Lancashire
"Antigos
Símbolos do Ofício”
Baseado na obra de Neville Cryer.
Encontramos
frequentemente antigos símbolos nos nossos Templos (sala da Loja [1]), o que
nos dá a certeza de que tudo a nossa volta ocorre de acordo com eles.
Há momentos,
entretanto que os mais novos na Maçonaria, ou mesmo aqueles que se interessam
cada vez mais, querem saber sobre o que os maçons fazem e como as coisas se sucedem
e como elas ali acontecem.
Um desses símbolos
que normalmente desperta interesse são os instrumentos de trabalho dos dois
Diáconos e do Diretor de Cerimônias – as varas [2].
Esses instrumentos de
trabalho certamente não apareceram de repente, ou do nada na Maçonaria. Há uma
explicação para as suas existências e das suas ocupações no ofício.
Vamos começar com os
Diáconos. O nome desse ofício vem da prática das antigas igrejas e paróquias da
região [3]. Nelas, há mais de mil anos, os dois principais oficiais leigos eram
chamados de “wardens” [4], cuja
grafia “wardein” é oriunda do velho
norte da França e o seu significado era o de “guardar, proteger” [5] e foi
usado pelos anglo-saxões.
Como zeladores ou
diretores guardiões eles tinham a missão de proteger as pessoas dentro das
paróquias e igrejas e possuíam como símbolo em sinal à sua autoridade de ofício
“hastes” que mais tarde seriam chamadas de “varas” (N.T. - varinhas). Até hoje nas Igrejas Anglicanas os zeladores (N.T. - diretores) portam “varas” quando
em serviço [6].
Na Idade Média o
local de trabalho da Loja dos Pedreiros era governado por um diretor que
protegia o direito dos artesãos em trabalho [7]. Como sinal da sua autoridade,
esse diretor possuía (N.T. - portava)
uma vara.
Quando os maçons
criaram suas guildas comerciais [8] eles acabaram seguindo o costume da Igreja.
Em vez de um reitor (como na Igreja), eles tinham um mestre da obra e dois
diretores (N.T. - zeladores) [9].
Como sinal de autoridade todos os três portavam varas nos trabalhos [10].
Eventualmente essa prática seria adotada no Craft (N.T. - Ofício), mas quando a Guilda (N.T. - operativa) foi separada da Loja (N.T. - especulativa) o costume de ter um Mestre da Obra e dois
Vigilantes acabou permanecendo [11].
Em
algumas Lojas antigas as “varas” eram adornadas. A do Mestre com uma cruz [12],
a do Primeiro Vigilante com a lua e a do Segundo Vigilante com o sol.
A
cruz, originalmente representando Cristo, era a cabeça, ou a pedra angular (N.T. - o início, o princípio). A lua
representando o ocaso (N.T. - fim do
dia) e o sol representando seu lugar ao meridiano (N.T. - Meio-Dia).
Depois
da União de 1813 uma nova forma de cerimonial na Loja foi incentivada pelo
Duque de Sussex exigindo que os três principais detentores do ofício da Loja
não deveriam mais deixar os seus lugares como era comum ocorrer no passado [13].
O
cargo de Diácono que fora introduzido nas Atholl Lodges (N.T. - Antigos de 1751) e tinham o ofício se servir como
assistentes da mesa, principalmente na ajuda com as refeições, ou como
transmissor das mensagens do Mestre da Loja, passaram a partir dai a ter a
obrigação de atender os candidatos, e não mais como os “zeladores” de
antigamente [14].
Para
demonstrar que os Diáconos permaneciam agindo com a mesma autoridade dos
zeladores diretores, foram então lhes dadas as “varas” que eram antes utilizadas
pelos oficiais superiores (wardens). Dado
a isso é que se pode ver ainda na Sala da Loja da Queen St., Sunderland and
Elvet Old, Durham Lodge, Diáconos portando varas que tem nos seus topos
respectivamente o Sol e a Lua [15].
Isso
dá a certeza da sua origem e a quem pertenciam as “varas”. Também nos dá a
entender como que os Diáconos originalmente se comportavam, trazendo com isso a
razão pela qual hoje na abertura da Loja eles são descritos como aqueles que
levavam mensagens do Mestre da Loja para os Vigilantes. Além do que nas suas
posses também lhes é dito que sua tarefa adicional será a de atender os
candidatos [16].
É
certo também que saberemos por que as “varas” trazidas pelos Diáconos já não
mais têm o sol e a lua como adornos.
Em
algumas Lojas do século XVIII, o conhecimento clássico, só porque ele era um
prestimoso emissário, pela sua aptidão, sugeria-o como mensageiro do deus
Mercúrio. Com isso muitas Lojas ainda têm varas para os Diáconos com símbolo
correspondente a essa figura [17].
Após
a união das duas Grandes Lojas rivais em 1813 muitos aspectos bem antigos da
Maçonaria inglesa, como a presença do personagem bíblico Noé, acabariam
retornando às cerimônias, onde a pomba era uma criatura que simbolizava a paz,
bem como se imagina ter sido ela a mensageira que mostrou a Noé uma folha de
uma árvore discretamente emergida do dilúvio [18].
A
pomba como símbolo mais comum de mensageiro acabou sendo então adotado para
ornamentar o topo das varas [19] (N.T. - instrumentos
de trabalho dos Diáconos no Craft).
Enquanto
as simbólicas pombas representavam fielmente o ofício dos Diáconos, esse
símbolo acabou tomando lugar se sobrepondo ao significado original da vara que
era o da “autoridade”.
É
certo que pelo menos o uso das pombas nos dá a possibilidade de apreciar melhor
o seu significado no contexto.
No
que diz respeito à vara e o Venerável Mestre, o mais intrigante é o fato de que
ele, assim como os Vigilantes, por não poder mais se mover do seu lugar durante
os trabalhos, a sua vara ou haste (N.T. -
distintivo de autoridade), foi passada para um novo oficial da Loja que
fora criado no pós-União denominado Diretor de Cerimônias [20].
O
Diretor de Cerimônias então passou a partir daí a ser o único oficial a
controlar o trabalho em deslocamento pelo chão da Loja, certificando-se que
todos os oficiais estavam presentes, além de acompanhar, ou mesmo introduzir, a
entrada de visitas especiais [21].
Ainda
a respeito do Diretor de Cerimônias, é interessante notar que embora a
relevância do seu ofício (portando a vara) o mesmo não lhe dava o direito de se
sobrepor ao porte do malhete que fora colocado nas mãos do Venerável Mestre por
ocasião da sua instalação.
Outro
aspecto interessante é o de se observar que apenas na haste, ou a vara,
original confiada a um reitor da Igreja havia uma cruz a encimando. A Maçonaria
inglesa, acompanhando esse costume, a vara confiada ao Diretor de Cerimônias
ainda possui uma cruz no seu topo [22].
Em
relação a esse objeto, é também interessante notar que os primeiros maestros de
orquestras recebiam uma vara para reger. Como esse objeto com o tempo se tornou
difícil de manejar, ele foi encurtado se tornando um pequeno bastão (N.T. - batuta). É por isso que
atualmente alguns Diretores de Cerimônias portam um bastão pequeno em vez de
uma vara (N.T. - é o caso do Marechal
nas Lojas Azuis Norte-americanas).
No
fim o bastão simbolizava a autoridade do Mestre da Loja e não propriamente a do
Diretor de Cerimônias. Esse último deve sempre lembrar a quem ele serve.
NOTA - Elaborado por:
COMITE DE EDUCAÇÃO E TREINAMENTO, Freemasons’ Hall. Bridge Street M3. Para Lojas em toda a Província do Leste de
Lancashire. Tradução para o português exclusivamente para esse trabalho foi feita
pelo Irmão Pedro Juk em janeiro de 2018.
IV.
NOTAS
E COMENTÁRIOS DO TRADUTOR.
Obs. O termo em
inglês “Craft” comumente utilizado no texto significa, como substantivo, a arte, o ofício. Como verbo designa a ação de “fazer”. Assim o Craft nesse
contexto é o mesmo que a arte ou o ofício
de construir o que lhe dá, no caso, uma relação direta com a Maçonaria.
[1]
Sala da Loja – é o título comum dado no Craft aos locais de trabalho da Loja. É
o que na Maçonaria Latina comumente se conhece como Templo.
[2]
Varas ou varinhas – são objetos de trabalho tipo bastões utilizados pelos
Diáconos e pelo Diretor de Cerimônia nos Trabalhos Ingleses (vide Rito de York
ou os Trabalhos de Emulação). Observe-se que embora com práticas diferenciadas
devido o ritual, o Diretor de Cerimônias do Craft é o mesmo Mestre de
Cerimônias do REAA\ (Rito de origem
francesa). Faz-se oportuno mencionar que no Craft os Diáconos portam “varas”,
enquanto no REAA\ os Diáconos por
serem apenas mensageiros originalmente não portam nenhum objeto de trabalho.
[3]
Denota a influência que a Igreja Católica teve sobre as Corporações de Ofício
da Idade Média.
[4] Wardens (zeladores, diretores) – cargos que deram origem aos
Vigilantes da Moderna Maçonaria.
[5]
Os termos “guardar e proteger” eram mais apropriados à Maçonaria Operativa como
ato de guardar e proteger o segredo do ofício que era utilizado na Arte (não
era o de proteger o ambiente como uma sentinela propriamente dita). Nesse
sentido os termos não se relacionam àquele que literalmente era o guarda ou a
sentinela do recinto, ou aquele que não permitia o ingresso nos canteiros dos
que não estavam aptos para o trabalho. Guardar e proteger nesse caso não possui
relação com o ofício do Cobridor, Guarda do Templo, Tiler, etc., a quem munido
de uma espada cabe vigiar e guardar a porta da Sala da Loja (Templo) contra os
bisbilhoteiros.
[6]
Destaque-se que a menção dos Diáconos e as “varas” nessa parte do texto aludem
aos ofícios religiosos. Como sua protetora, a Igreja influenciou fortemente a
Maçonaria, o que fez com que esse ofício religioso, devida a sua história,
acabasse também sendo abordado.
[7]
Loja dos Pedreiros – era o canteiro operativo (hoje simbolicamente a Loja) onde
os Francomaçons se empenhavam na construção. No canteiro o “diretor principal”
era um Companheiro experimentado designado como Mestre da Obra. Destaque-se que
o temo Mestre não alude em hipótese alguma a grau maçônico. Naquela época
existiam apenas “classes profissionais”.
[8]
Guildas Comerciais – nesse caso eram associações organizadas de pedreiros.
Dessas associações deve-se o uso pela primeira vez da palavra “loja”.
[9]
Os
zeladores, ou wardens deram origem
aos cargos de Venerável Mestre e Vigilantes da Maçonaria Especulativa, por
extensão da Moderna Maçonaria. Na liturgia maçônica eles são as Luzes da Loja.
[10]
Varas – na época da Maçonaria de Ofício não existia como símbolo malhete (maço pequeno) tal como existe na
Moderna Maçonaria. Por se tratar de um local onde literalmente se elevavam as construções,
os três governantes (diretores) do imenso canteiro se distinguiam entre os
operários como autoridades por utilizarem as “varas” (bastões).
[11]
Transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa - com a presença dos
“Aceitos” (elementos estranhos ao ofício) o sistema especulativo exigia um
recinto separado para a prática dos trabalhos simbólicos. Os primeiros espaços
específicos para essa finalidade eram constituídos por recintos reservados nos
adros das igrejas e principalmente nas tabernas das hospedarias – longe das
vistas dos não iniciados.
[12]
Mais
uma indicação da influência religiosa da época sobre a Francomaçonaria. A Cruz
representando a “pedra angular” (origem) ou a “cabeça de Cristo” se referia a
Jesus como a pedra angular do Cristianismo.
[13] A
União dos Antigos e dos Modernos em 1813 resultou na fundação da Grande Loja
Unida da Inglaterra. Sacramentava-se a Moderna Maçonaria com a inauguração do
primeiro sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre. Dentre outros se
solidificava a prática ritualística especulativa dentro da Loja. Em 27 de
dezembro de 1813 na cerimonia de criação da Grande Loja Unida da Inglaterra foram
convocados todos os Past-Masters, Veneráveis Mestres e Vigilantes das Lojas dos
Modernos e dos Antigos para prestarem o juramento de Mestre Maçom, que foi a
primeira parte do novo Ritual que veio a publico. Em 1816 as novas práticas
ritualísticas foram demonstradas e aprovadas. Na sequencia todas as Lojas as
adotaram. Destaque-se que nessas práticas o Venerável Mestre e os dois
Vigilantes não mais portavam varas em sinal de autoridade, mas sim passavam a
ocupar cada qual um lugar fixo na Loja – a leste, a oeste e a sul respectivamente.
As Luzes Menores, ou da Loja, assim designados os três dirigentes principais,
agora traziam em sinal da sua autoridade não mais varas ou bastões, mas malhetes
ou maços pequenos de madeira.
[14]
Conforme ensina Harry Carr in Masons
at Work, os mensageiros utilizados na Maçonaria Operativa eram conhecidos como
antigos “oficiais de chão” (mais tarde denominados Diáconos) e tinham a missão
de transmitir ordens dos dirigentes diretores auxiliando-os no trabalho.
Entenda-se que os canteiros de obras da época medieval eram imensos em sua
superfície e estavam sempre a depender de ajudantes que transmitiam ordens e
auxiliavam na aferição dos cantos da obra para que os trabalhos se
desenvolvessem “justos e perfeitos”. Imagine-se a construção de imensas catedrais.
[15]
A despeito de que as “varas” eram originalmente objetos conduzidos por
Diáconos, lembra-se que com o advento dos ritos e vertentes maçônicas surgidas a
partir da Moderna Maçonaria, nem todos os ritos que adotam esses oficiais deram
a eles o costume do uso de varas ou bastões. É o caso do REAA\
que se utiliza desses oficiais, mas apenas como mensageiros simbólicos que
trabalham na liturgia da abertura e encerramento, mais precisamente na
transmissão da palavra sagrada. No escocesismo os Diáconos, diferente do Craft,
não utilizam varas ou bastões.
[16]
Atender os Candidatos – no Craft (Maçonaria Inglesa) é comum no ofício dos
Diáconos, vê-los conduzindo candidatos (na iniciação ou nos aumentos de
salário). Já no REAA\ (Maçonaria Francesa)
eles fazem apenas o papel simbólico de mensageiros, o que pode se constatar na ocasião
em que é transmitida a palavra e na dialética de abertura dos trabalhos. No
escocesismo, diferente do Craft, substituem os Diáconos no atendimento aos
candidatos, os Expertos (cargos inexistentes no Craft).
[17]
Ratifica-se que o texto traduzido dessa
instrução é dirigido para o Craft inglês, daí a menção de “varas” como
instrumento de trabalho dos Diáconos.
[18]
Forte influência religiosa teísta oriunda dos Antigos de 1751 (Lawrence
Dermott) e que permaneceu como condicionante para a União das duas Grandes
Lojas em 1813.
[19]
A pomba tem sido em muitos ritos também a joia distintiva do Diácono. A questão
da autoridade representada pela “vara ou bastão” ficaria relevada ao segundo
plano depois da fixação do Venerável Mestre e dos Vigilantes nos seus lugares
em Loja – leste, oeste e sul.
[20]
Com a criação de um cargo para substituir o ofício de chão que outrora fora ocupado
pelo Diretor Principal (Mestre da Obra), o Diretor de Cerimônias receberia um
dos antigos símbolos de autoridade – a vara ou o bastão – mas sem se sobrepor a
autoridade do Venerável Mestre e dos Vigilantes.
[21]
Como
já mencionado, o Diretor de Cerimônia é também conhecido, de acordo com o rito,
por Mestre de Cerimônias. O objeto de trabalho do Diretor de Cerimônias no
Craft é a vara, também conhecida como bastão. No REAA\,
rito de origem francesa, não se utiliza o termo vara, porém bastão.
[22] A decoração do topo da vara utilizada
pelo Diretor de Cerimônias varia em muitos casos conforme o rito praticado. No
caso do Mestre de Cerimônias do REAA\ o adorno é uma
pequena régua graduada. No caso do Diretor de Cerimônias do Craft inglês a vara
pode ser encimada por uma cruz, o que traz ainda a influência religiosa de
outrora. O mesmo adorno também lembra a cabeça ou a pedra angular do
cristianismo. No Craft alguns Diretores usam um pequeno bastão em lugar da
vara. Em síntese o significado é o mesmo – a vara ou o bastão representam a
autoridade, entretanto sem se igualar ou se sobrepor à autoridade do Venerável
Mestre.
O Craft Norte-americano, oriundo dos Antigos
ingleses de 1751, também utiliza bastões, inclusive os Stewards (mordomos). É
comum nele também existir o cargo do Marechal (marchal) que utiliza um pequeno bastão.
V.
CONCLUSÃO
Obviamente
que esse assunto não se esgota e nem os comentários e observações inerentes a
ele tem o caráter laudatório.
A
intenção foi a de levar ao conhecimento dos Irmãos o quanto é complexa a
liturgia e a ritualística maçônica, o que nos faz acreditar cada vez mais que
os fatos não podem se restringir apenas no que nos trazem os rituais, a lembrar
de que para que os rituais existam, antes deles existe a história autêntica.
A
ideia é se conhecer por primeiro aquilo que alguém se propõe a fazer.
Ao
encerrar este quero deixar os meus agradecimentos ao Irmão Joselito Hencotte
que me alertou para o tema e nele, do modo como aqui foi exposto, também teve a
sua participação.
PEDRO JUK
JANEIRO/2018
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