sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O CORDEL - UTENSÍLIO DO MESTRE - ORIGENS

Em 24/10/2017 o Respeitável Irmão Francisco Luas, Loja Harmonia, 106, GLESP, REAA, Oriente de Registro, Estado de São Paulo, apresenta o que segue:

CORDEL


Diz o nosso Ritual: "Os utensílios do M\ M\ são o Cord\; o Láp\ e o C\. O Cord\ serve para marcar todos os ângulos do edifício, fazendo-os iguais e retos para que os alicerces possam suportar a estrutura..."
Sempre fiquei a pensar: como marcar ângulos retos com um Cord\?
Bom, os antigos egípcios já delimitavam suas quadras de cultivo com linhas em ângulos retos.
Basta pegar uma corda ou linha delimitada em 12 partes iguais, delimitadas por 13 nós, incluindo as extremidades, fechar as pontas e teremos um triângulo retângulo.
Foi esta explicação que dei aos novos Mestres Maçons.
Gostaria de saber sua opinião.

APONTAMENTOS.

De modo prático os maçons operativos já usavam via Cordel a 47ª Proposição de Euclides ou o Teorema de Pitágoras para determinar os ângulos retos dos cantos das construções.
Cabe mencionar que essa prática é ainda hoje literalmente usada pelos operários da construção civil na marcação dos alicerces das edificações.
Na realidade na época da Maçonaria de Ofício, ao invés de uma linha de nylon como é ainda hoje utilizada, usava-se um cordel aferido com nós equidistantes para se iniciar a marcação da obra. A mesma partia de uma pedra angular (0=PP), cuja qual, no hemisfério Norte, era costumeiramente cravada pelo lado nordeste do canteiro.
A partir da pedra angular (cubo piramidal) em direção ao Meio-Dia (lugar mais iluminado), marcava-se uma distância igual a três nós equidistantes do cordel utilizando-se de uma estaca auxiliar aprumada para marcação. Em seguida, da mesma pedra angular, marcava-se do mesmo modo uma distância relativa a quatro nós equidistantes do cordel, mas agora em direção ao Ocidente (no sentido da marcha diária aparente do Sol).
Marcados os dois pontos com as estacas aprumadas ajustava-se a distância entre elas até que o comprimento correspondente se igualasse a cinco nós equidistantes. Assim, com as extremidades ajustadas na distância de cinco nós, obtinha-se com o cordel o ângulo de 90º na pedra angular (origem dos pés em esquadria).
Essa prática nada mais era do que a aplicação do Teorema de Pitágoras onde os catetos do triângulo retângulo mediam pelos nós equidistantes distâncias iguais a “três e quatro” e a sua hipotenusa igual a “cinco”.
Em síntese, na época dos canteiros medievais o cordel era dividido em doze segmentos iguais agrupados no triângulo retângulo em três para o cateto menor, quatro para o cateto maior e cinco para a hipotenusa. Para a divisão em doze segmentos se utilizam treze nós, considerando-se um nó em cada extremidade do cordel.
Matematicamente se explica que em um triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos (a² + b² = c²). No caso do cordel: 3² + 4² = 25. Daí, a raiz quadrada de 25 é igual a 5. Por conseguinte, num triângulo retângulo, um dos seus ângulos internos será sempre igual a noventa graus.
Os nós mencionados na divisão do cordel, nada mais eram do que um meio para marcar distâncias iguais tal como um rudimentar sistema de medida.
Em relação ao Cordel e a Maçonaria Especulativa, dadas às tradições operativas, a Moderna Maçonaria adotou o Teorema de Pitágoras com símbolo de perfeição e verdade universal. Relacionado diretamente à esquadria, o Cordel tem o sentido de formatar o triângulo retângulo e, por extensão, o Esquadro (retidão). Especulativamente é com eles que se constroem os passos e as marchas na liturgia maçônica.
Do mesmo modo, o Cordel e a Pedra Angular também determinam no Craft o lugar dos Aprendizes nas Lojas inglesas (canto nordeste). Era na Pedra Angular que os Aprendizes do Ofício partiam para a sua jornada diária de trabalho (especulativamente, a senda iniciática). Alguns ritos maçônicos posicionam os Aprendizes no topo da Coluna do Norte, como é o caso do REAA\, mas nessa liturgia não se menciona a Pedra Angular como se faz na inglesa.
A 47ª Proposição de Euclides também aparece como representação na joia do Past Master na Maçonaria inglesa.
Assim, o Cordel acabou se tornando um dos utensílios do Mestre Maçom especulativo conforme apregoam alguns ritos maçônicos. Historicamente ele foi, e ainda é, um apetrecho utilizado nas construções dos cantos nas edificações perfeitas e duráveis. Especulativamente o Cordel é tido como um elemento que constrói o ângulo reto e determina a esquadria. Diretamente relacionado ao Esquadro ele é um dos componentes da virtude, da retidão e da equidade. O Cordel mede, o Lápis marca e o Compasso transfere a justa medida que foi determinada pelo ângulo reto.

P.S. – Em alguns sistemas maçônicos especulativos o Cordel é conhecido como Trena.

T.F.A.

PEDRO JUK


JAN/2018


2 comentários:

  1. Irmão Pedro Juk, na figura, o cordel tem 12 nós. Ele tem relação com a corda de 81 nós? Outra dúvida: segundo a descrição do procedimento de uso do cordel, a figura não deveria estar invertida em relação ao eixo horizontal (o lado igual a 3 à direita e o lado igual a 4 à esquerda)? Ou a marcação da distância relativa aos 4 nós é em direção ao Oriente? Há alguma relação dessa marcação com a marcha de Ap:.? O Irmão poderia detalhar mais esse procedimento?

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  2. Mano, respostas desse tipo eu dou primeiro via e-mail jukirm@hotmail.com
    Para obter a resposta o Irmão precisa se identificar enviando o nome completo, Loja, Rito, Obediência, Oriente (cidade) e Estado da Federação. Salvo alguns comentários, não respondo diretamente no Blog, apenas nele publico as respostas. É a praxe. T.F.A.

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