quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

ESQUADRO OPERATIVO E ESQUADRO EMBLEMÁTICO - OBJETOS DIFERENCIADOS.

Em 13.07.2022 o Respeitável Irmão Petrônio Cardoso Júnior, Loja Tiradentes, 1204, REAA, GOB-MG, Oriente de Campo Belo, Estado de Minas Gerais, faz a seguinte pergunta:

 

ESQUADRO – RAMO MAIOR E MENOR

 

Meu questionamento é sobre o esquadro. Qual ramo deve ser posicionado à direita (sul), o menor ou o maior?

Tudo visto pela perspectiva do Orador, ao abrir o Livro da Lei.

Entendo ser o menor, por ser aquele que a haste do Compasso, se sobrepõe no 2⁰ Grau (conforme consta na Orientação Ritualística para REAA). Se puder me responder lhe agradeço.

 

CONSIDERAÇÕES

 

A bem da verdade, esse é um assunto que nem deveria ser discutido se não fossem as inserções equivocadas que vemos rotineiramente em muitos rituais.

                  Historicamente, o Esq que é parte componente das GGrLL EEmbl da Maçonaria não é literalmente um objeto utilizado nas construções, portanto, no rigor da tradição não deveria ter ramo maior ou menor, e nem possuir graduação. O Esq que vai unido ao Comp sobre o L da L não tem ramos desiguais. Por ser um elemento emblemático esse Esq não é uma ferramenta de trabalho.

Vale lembrar que os componentes que formam o Esq denominam-se “ramos”

Diferente de um Esq operativo que tem ramos desiguais, ou seja, com cabo e que é literalmente usado como ferramenta de trabalho na oficina (canteiro de trabalho), o Esquadro emblemático, com ramos iguais, forma com o Compasso um símbolo altamente expressivo na Maçonaria. Ambos unidos e posicionados sobre o L da L representam a Loja e a etapa de aperfeiçoamento do Maçom. É, para muitos estudiosos, inclusive um Landmark da Ordem.

No contexto esotérico da Maçonaria, o Esq emblemático (ramos iguais) simboliza a atmosfera material, enquanto que o Comp, nessa circunstância, simboliza a espiritual.

Assim, sob essa conjunção esotérica de símbolos, o Esq emblemático não carece possuir ramos desiguais, quer dizer, ter um cabo (segmento menor) e um elemento de graduação (segmento maior). Nessa contingência, ambos os ramos são iguais.

NOTA - É bom que se diga que o adjetivo “emblemático” aqui utilizado e associado ao substantivo Esq, tem o desiderato de dar um caráter abstrato ao símbolo, ou de um sinal distintivo. Quanto ao adjetivo “operativo” aqui utilizado e também associado ao substantivo Esq, busca evidenciar a ideia de algo operoso, construtivo, produtivo.

                     Não menos importante que o Esq emblemático (ramos iguais), o Esq operativo (ramos desiguais) é literalmente uma ferramenta de trabalho. Nesse sentido, o mesmo possui de fato um segmento menor que serve como cabo (por onde o profissional o empunha) e outro semento maior graduado (referências de medida). Graças a isso é que o Esq utilizado na construção possui ramos diferenciados no seu comprimento.

Além de ser um objeto utilizado para medir e aferir os cantos, o Esq operativo (ramos desiguais) é também o símbolo representativo do triângulo retângulo, figura geométrica elementar na aplicação 47ª Proposição de Euclides.

A geometria, criada no Egito para medir as terras férteis do Nilo e a posteriori trazida para a Grécia por filósofos e sábios gregos, acabaria construindo conceitos filosóficos como uma Verdade Universal – é a concepção do Grande Geômetra e a Ordem, Harmonia e Equilíbrio do Universo.

A proposição euclidiana, experimentada por Pitágoras, foi largamente difundida entre os maçons operativos, já que eles a utilizavam no ponto inicial de uma construção a partir da “pedra angular”, marco primitivo que ia assentado geralmente no canto nordeste do canteiro de obras.

Assim, o canto esquadrejado era demarcado pelo cordel com 12 nós equidistantes (trena) e conferido pelo Esq. Era o ponto de referência, ou o ponto de partida.

Nas guildas de construtores da Idade Média – nossos ancestrais - o Esq operativo, junto ao Nível e ao Prumo eram ferramentas largamente utilizadas na edificação das catedrais, igrejas, mosteiros e abadias, por exemplo.

Graças a isso e respeitando a verdadeira história é que o Esq com ramos desiguais (com cabo e graduação) deveria ser a joia distintiva do Venerável Mestre, e não ao contrário como frequentemente constatamos em certos rituais. Lembra-se que o Venerável Mestre na Moderna Maçonaria era no passado operativo o Mestre da Obra. Ele, então de posse do Esqoperativo (ramos desiguais), junto com os Vigilantes, ambos munidos do Nív e do Pr respectivamente, determinavam os parâmetros construtivos da edificação

É por isso que a joia distintiva do Venerável Mestre é de fato o símbolo do Esq operativo (ramos desiguais), enquanto que o Esq emblemático (ramos iguais) é o que se junta ao Comp sobre o L da L.

É o mesmo artefato, mas de funções diferenciadas na liturgia maçônica. Bom mesmo seria se os “compiladores” de rituais se apercebessem disso.

Então, a questão do ramo maior ou menor do Esq, no caso dele ser uma das GGr LLuz EEmbl me parece não fazer o menor sentido.

 

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

JAN/2023

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