segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

RÉGUA LISA E RÉGUA GRADUADA NO 2º GRAU DO REAA

Em 09,08,2022 o Respeitável Irmão Daniel Lins de Sales, Loja Brasil, 0953, GOB-RJ, REAA, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro faz a pergunta seguinte:

 

RÉGUA LISA E RÉGUA GRADUADA

 

Tenho uma dúvida em relação à cerimônia de Grau 2 e a Régua sem graduação (lisa). Ao ter contato com o SOR, notei a adição da Régua sem graduação na cerimônia de Grau 2, então busquei informações no seu Blog:

" (...) é costume o aspirante ao Segundo Grau ao ingressar no recinto, ainda como Aprendiz e conduzido pelo Experto, trazer apoiada no seu ombro esquerdo, primeiro uma régua sem graduação (lisa...)"

"Em linhas gerais era comum que no canteiro de ofício o Aprendiz Júnior (Rough Mason) utilizasse uma régua lisa e não graduada que servia para que o Aprendiz de ofício com ela conferisse em primeira instância o preparo das pedras que futuramente serviriam para a elevação das paredes da obra. Nesse sentido, a Régua lisa não era graduada por não servir como instrumento de medição, mas sim como um objeto para verificar a superfície da pedra após o primeiro desbaste das suas asperezas."

Desta forma, eu poderia inferir que a Régua lisa seria uma ferramenta do Aprendiz e a Régua graduada uma ferramenta do Companheiro, sendo assim, a régua lisa na sala da loja ficaria junto com o maço, o cinzel e a pedra bruta no noroeste (em comparação à localização da régua graduada)?

 

CONSIDERAÇÕES.

 

No REAA a Régua de 24 Polegadas não é instrumento de trabalho do Aprendiz Maçom. A Régua que o candidato à Elevação (porque cumpriu o seu aprendizado no 1º Grau) carrega sobre o seu ombro esquerdo no instante em que ingressa no templo, apenas serve para demostrar que o Aprendiz está apto a receber aumento de salário.

                   Na verdade, o ato rememora os nossos ancestrais num período em que havia apenas duas classes de profissionais. A Maçonaria era a de ofício e não existiam graus especulativos feito a atual Moderna Maçonaria.

Nesses tempos primitivos, algumas associações de pedreiros cortadores e assentadores da pedra (guildas) costumavam dividir os Aprendizes do Ofício em duas subclasses, a dos Aprendizes Júniores e dos Sêniores. Eram também conhecidos como Rought (áspero) Masons e Stone Masons (stone no sentido da pedra burilada).

Nesse contexto profissional, era costume que em algumas corporações de ofício o Aprendiz Sênior se utilizasse de uma régua lisa, sem nenhuma graduação, apenas como um instrumento guia para verificação e reparo de possíveis asperezas que a pedra desbastada porventura ainda pudesse carregar. Eram as minúcias do ofício.

Contudo, é importante mencionar que essa prática não era uma regra generaliza por todo o ofício, de tal maneira que isso também não ocorre hoje nos ritos especulativos – há ritos que adotam a régua no 1º Grau, e outros não. Isso não os torna melhores que os outros. É apenas uma característica de construção do rito.

É bom que se diga que na época do ofício não existia ritual para se fazer tudo “igualzinho”. Era bastante natural que cada Loja Operativa adotasse os seus métodos de trabalho. Com isso, mais tarde, a Moderna Maçonaria também adotou os seus ritos e rituais, por conseguinte o andamento litúrgico é particular também a cada rito.

Assim, nessa conjuntura não há como generalizar os fatos ao ponto de se chegar à conclusão que todos os Aprendizes no passado faziam uso da régua, lisa ou não. As coisas não são tão simples assim. Como foi visto, na Maçonaria em que hoje vivemos as concepções ritualísticas dependem dos ritos.

No caso do REAA, a Régua, tanto a lisa como a graduada, nem mesmo é mencionada no ritual do 1º Grau - nem na alegoria do Aprendiz (pág. 10) e nem no Painel do Grau (pág. 84).

O fato é que no REAA as réguas só aparecem mesmo é no Ritual do 2º Grau.

Salvo melhor juízo a Régua de 24 Polegadas aparece na alegoria do Companheiro (pág. 10), também descrita na disposição e decoração do Templo (pág. 13), no painel do grau (pág. 26), contada sobre o ombro esquerdo do Candidato (pág. 71), etc.

Então, em que pese a condição histórica que envolve a Régua e o Aprendiz, em algumas circunstâncias do passado, no REAA ela literalmente não aparece como instrumento de trabalho do Aprendiz Maçom. O fato é que as Réguas são mencionadas apenas no Ritual do 2º Grau, reitera-se.

Infelizmente, o ritual do 2º Grau em vigência é omisso ao relatar qual é a Régua que o Candidato ingressa no início da cerimônia de Elevação. O fato é que essa Régua se diferencia da de 24 Polegadas, já que a lisa, depois substituída pelo Maço e o Cinzel para a 1ª Viagem, alude à uma alegoria do passado operativo, enquanto que a outra, a utilizada na 2ª viagem do aspirante a 2º Grau, por dedução lógica, só pode ser a de 24 Polegadas, ou seja, a de cunho especulativo (pág. 78). Essas viagens se referem aos anos de estudo do Companheiro, portanto, tudo ocorre em Loja aberta no 2º Grau.

Dito isso, o SOR, nesse particular, esclareceu qual Régua é a lisa e qual é a de 24 Polegadas, pois faltava isso no ritual, o que lamentavelmente fazia com que muitos nem mesmo soubessem da existência dessas diferenças.

Ora, ambas têm significados diferenciados entre elas. A lisa remonta ao passado operativo e a de 24 Polegadas é de cunho especulativo.

Como mostra a alegoria do Aprendiz, ele traz consigo apenas o Maço e o Cinzel. A Régua lisa é apenas um elemento de ligação na cerimônia.

Obviamente que isso é inerente ao simbolismo do REAA. O Rito de York, por exemplo, utiliza a Régua de 24 Polegadas como um dos objetos de trabalho do Aprendiz Maçom, mas é o Rito de York, não o Escocês Antigo e Aceito.

Não há nenhuma controvérsia nesse sentido, bastando que para tal se respeite a originalidade cultural e simbólica de cada rito maçônico. Esse é um pormenor que, para o bem da Maçonaria, deve ser observado na sua pureza e plenitude. Afinal, o Rito de York é de vertente anglo-saxônica, enquanto que o REAA é de vertente francesa, portanto latina.

Ao concluir, lembro que o que foi anteriormente publicado no meu Blog e aqui mencionado na questão acima, se trata apenas de uma abordagem histórica para ilustrar um texto então escrito naquela oportunidade. No REAA, sobre a P B ficam apenas e tão somente o Maço e o Cinzel. A Régua lisa, sem graduação, apenas aparece com brevidade sendo utilizada pelo Candidato no início da cerimônia de Elevação. No Rito em questão ela não aparece mais em lugar nenhum, nem em Loja de Aprendiz e nem em Loja de Companheiro.

 

T.F.A.

 

T.F.A.

 

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

http://pedro-juk.blogspot.com.br

 

 

JAN/2023

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