Em
29/03/2018 o Respeitável Irmão Luiz Mario Cabral Zucolo, Loja Caridade
Rosariense, 175, REAA, sem mencionar o nome da Obediência, Oriente de Rosário
do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, formula a seguinte questão:
ORIGEM DO SINAL GUT.
Sempre que o tempo me permite chegar ao computador dou uma lida na sua
pagina, sempre com assuntos relevantes. Sou de Rosário do Sul e procuro
informações a respeito da origem e significado do sinal gut\, confesso que estou com dificuldade de achar este
tipo de material.
CONSIDERAÇÕES.
A dificuldade de se encontrarem explicações
consistentes sobre o assunto, obviamente se dá porque os verdadeiros segredos
da Maçonaria se concentram nos seus Sinais, Toques e Palavras.
Por óbvio, qualquer não iniciado de posse
deles pode, inclusive, ingressar nos trabalhos cobertos (privativos somente aos
iniciados na Maçonaria). O mesmo também pode se dar entre aqueles maçons que
não possuem ainda grau suficiente para trabalhar numa Loja em que não lhes é
permitido o ingresso.
É sabido que muitas das nossas tradições são sigilosas
e sempre foram transmitidas de modo velado com máxima descrição. Não é comum
alguém encontrar a descrição literal de um Sinal e, mais ainda, o significado
que lhe dá sentido.
Assim sendo, obviamente que é obrigação dos
Mestres Maçons ensinarem essas particularidades aos Aprendizes e Companheiros,
embora desafortunadamente se reconheça que muitos deles não estão habilitados a
ensinar.
Todo o Mestre Maçom da Moderna Maçonaria encontrará
a origem dos Sinais especulativos quando observa e compreende a Lenda Hirâmica.
Esotericamente os Sinais se explicam pela sua
aplicação por dar sentido ético e moral na construção e aperfeiçoamento de um
novo homem. Nesse sentido é preciso compreender que o Sinal demonstra a atitude
e o perfil daquele que se propõe a compô-lo. As penas simbólicas que eles
representam e que paulatinamente emergem do teatro iniciático lendário, foram adaptadas
conforme os costumes e as tradições sociais, culturais e territoriais da época.
Em síntese, os Sinais simbolizam as severas
aplicações das penas que eram auferidas aos condenados pelas autoridades
eclesiásticas e monárquicas no período medieval, época em que florescia a
Francomaçonaria Operativa.
Além do sentido especulativo que o Sinal
passou a exercer na Moderna Maçonaria, literalmente eles foram nela criados para
o reconhecimento entre os Francomaçons do período operativo. Naquela época
distante, um maçom livre quando se apresentava a uma Guilda de Construtores em
busca de trabalho, ele se identificava por Sinais, Toques e Palavras, o que era
muito mais prático do que se ficar horas trabalhando uma pedra calcária para
provar a sua habilidade.
Lembro que nesse período da história a
Maçonaria era literalmente de ofício, ao tempo em que também era constituída apenas
por duas classes de trabalhadores - à época não existiam ainda graus
especulativos na Maçonaria.
Assim, com o advento da Maçonaria Especulativa
e o seu simbolismo, essas “penas capitais” que dantes eram aplicadas pelos reis,
senhores feudais e até mesmo pela Igreja-Estado aos seus súditos e vassalos,
acabou nela se incorporando apenas como uma alegoria penal que sugere o
“compromisso ou obrigação” do iniciado no tocante ao impreterível cumprimento das
regras e das leis da sua Obediência – algumas vertentes maçônicas tratam essa
obrigação como “juramento”.
A ideia de não revelar segredos lembra as
antigas obrigações pelas quais o maçom operativo se comprometia em não revelar
os segredos profissionais da Guilda a que ele pertencia. Esses segredos também
alcançavam a ideia de não revelar às Guildas concorrentes os planos da obra – era
comum que o segredo regesse a concorrência entre os construtores das confrarias
medievais.
Desse modo, a Maçonaria, atendendo a um dos
seus Landmarks (o sigilo), adota Sinais, Toques e Palavras que, além de
possuírem alto significado iniciático e simbólico, também servem como meio exclusivo
de reconhecimento entre os confrades maçônicos.
Melhores detalhes a respeito podem ser
encontrados a partir do aparecimento da Francomaçonaria (século X) e o seu
desenvolvimento desde o período Operativo passando pela paulatina transformação
em Maçonaria Especulativa até a evolução dos ritos e rituais maçônicos da
Moderna Maçonaria (meados do século XVIII).
Como auxílio para o seu estudo, segue também
anexo uma Peça de Arquitetura elaborada para a Loja de Pesquisas Maçônicas
Brasil pelo meu amigo e irmão Hercule Spoladore denominada “Sinais Maçônicos
Antigos”. Esse artigo lhe dará mais subsídios para estudo sobre o tema.
T.F.A.
PEDRO
JUK
MAIO/2018
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