Em 11/04/2018 o Respeitável Irmão
Hercílio Labes Neto, Loja Cavaleiros da Paz, 164, REAA, Grande Oriente do
Paraná (COMAB), Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, pede o seguinte
esclarecimento:
TOQUE NA TRANSMISSÃO DA PALAVRA PARA A ABERTURA E FECHAMENTO DOS TRABALHOS NO REAA.
Minha dúvida é, nas aberturas e também nos encerramentos das sessões,
magnas ou econômicas, quem deve dar o toque? Pelo nosso ritual, diz que o Venerável
dará o toque e a primeira letra, o 1° diácono a 2ª e assim sucessivamente.
Quando este desce até o altar do 1° Vigilante, ele deve dar o toque e a
primeira letra? E o 2° Diácono, deveria aguardar o toque do 1° Vigilante, e dar
o toque para o 2° Vigilante? Na minha lógica, quem pede a Palavra deveria dar o
toque para provar que é Aprendiz Maçom, mas aí entra aquela do dá-me a primeira
letra que eu vos darei a segunda.
Agradeço por sua atenção.
CONSIDERAÇÕES.
Não vou entrar no
mérito do que menciona esse ou aquele ritual, até porque essa missão fica por
conta daqueles que inserem procedimentos, cabendo a eles explicar
convincentemente os porquês.
Nesse sentido vou
deixar aqui, com explicações objetivas, qual deveria ser a prática correta na
liturgia da transmissão da Palavra Sagrada por ocasião da abertura e
encerramento dos trabalhos com a participação dos Diáconos, do Venerável Mestre
e dos Vigilantes no REAA.
Antes, cabe
esclarecer um aspecto importante e que não pode ser desprezado quando da
execução dessa prática ritualística comum ao escocesismo simbólico.
Essa observação diz
respeito ao fato de que essa transmissão da Palavra Sagrada nada tem a ver com
o telhamento, comum às verificações para se certificar da qualidade de um
maçom, mas é sim um ato simbólico que relembra alegoricamente uma operação profissional
comum aos tempos da Maçonaria de Ofício.
Explica-se: nos
tempos operativos, os Vigilantes (antigos wardens),
por ordem do Mestre da Obra, literalmente, dentre outros, também exerciam o
ofício de aprumar e nivelar os cantos da obra para que a jornada de trabalho
pudesse ser iniciada. Também ao final dessa jornada os trabalhos eram assim conferidos
para que se procedesse ao adequado encerramento. Objetivamente os Vigilantes
eram os responsáveis pela elevação dos cantos da construção que a posteriori
eram interligados pela elevação das paredes niveladas e aprumadas. Nessa
oportunidade serviam como mensageiros no imenso canteiro operativo de obras os
antigos “oficiais de chão”, ancestrais dos Diáconos da Moderna Maçonaria.
Desse modo, a Moderna
Maçonaria, especulativa por excelência, através do REAA\ revive simbolicamente essas práticas
instituindo uma alegoria que envolve, no lugar das aprumadas e nivelamentos, a
transmissão de uma palavra que, em estando ela devidamente transmitida e correta,
isto é, justa e perfeita, ela simboliza a condição apropriada para se abrir e
encerrar os trabalhos da Loja.
Em síntese os
mensageiros (Diáconos) levam a palavra até os Vigilantes de modo que esse ato
especulativo simbolize aquelas antigas práticas de ofício (nivelamento e
aprumada) – isso explica o motivo pelo qual os Vigilantes trazem consigo o
Nível e o Prumo como suas respectivas joias distintivas.
É por essa razão que
essa transmissão não é aquela relativa ao telhamento maçônico do Cobridor do Grau,
mas sim é a uma transmissão adequada a um momento da liturgia e que se dá exclusivamente
entre Mestres Maçons - nesse caso entre o Venerável, os Vigilantes e os
Diáconos. É bom que se diga que cargos em Loja são preenchidos somente por aqueles
que já tenham alcançado a plenitude maçônica.
Dados esses comentos, é sabido que iniciaticamente a palavra do Primeiro Grau é
transmitida soletrada (infância), no Segundo silabada (juventude) e no Terceiro
diretamente (maturidade).
Sob a óptica de que
esse ato não é especificamente um telhamento, em qualquer situação aquele que
transmite a Palavra a dá soletrada, silabada ou por inteira (conforme o Grau), porém
sem que haja troca de letras ou sílabas com o outro protagonista. Em síntese,
na liturgia da transmissão da Palavra para a abertura e o encerramento dos
trabalhos os protagonistas não dividem entre si letras ou sílabas como ocorre
no telhamento ordenado pelo Cobridor do Grau.
Segue então um resumo
do procedimento da transmissão da Palavra Sagrada para a abertura e o
encerramento da Loja no REAA:
Tanto na abertura
como no encerramento, o Primeiro Diácono é o que dá o Toque para receber a
Palavra do Venerável e o que recebe o Toque para transmiti-la ao Primeiro
Vigilante. Já o Segundo Diácono dá o Toque para receber a Palavra do Primeiro
Vigilante e recebe o mesmo para transmiti-la ao Segundo Vigilante.
A regra é simples. Nesse
caso o Toque é dado apenas por aquele que solicita a Palavra para leva-la a
outrem. Assim, quem transmite a Palavra não dá o Toque, mas o recebe como um
pedido de alguém que quer a Palavra.
Destaco mais uma vez
que isso não é telhamento, mas é um ato litúrgico que acontece pela razão já
explicada. Ademais, não existe verificação pelo Cobridor do Grau entre Irmãos
que ocupam cargos, já que eles foram previamente reconhecidos pelo Mestre de
Cerimônias que os revestiu com as suas respectivas joias.
Outra regra
importante é a de que em qualquer situação, tanto no telhamento como na
transmissão para a abertura e encerramento, a Palavra somente deve ser
transmitida pelo Toque do Grau. Nesse interim não é demais lembrar que em Loja
de Mestres o Toque do Terceiro Grau é composto pelos C\ PP\ PP\ da Maç\.
A questão é não
confundir os procedimentos ritualísticos. A questão é de saber o que o ato ritualístico
representa. Desse modo, quem assim não procede e apenas copia mecanicamente uma
prática e a insere num ritual sem dela conhecer a razão, certamente estará
incentivando o contraditório.
Tenho dito, nenhum
ato litúrgico existe na Maçonaria sem que para ele exista explicação, portanto,
antes de simplesmente copiá-lo de rituais anacrônicos, perpetuando erros, melhor
mesmo é antes procurar compreendê-lo.
T.F.A.
PEDRO JUK
JUNHO/2018
Eu entendi bem mano, é preciso dar o toque para receber a palavra?
ResponderExcluirSim, até porque o toque é a maneira clássica de se pedir a palavra. Lembre: a pergunta - "O que seginifica esse toque?" A resposta - "Que se pede a palavra"...
ResponderExcluirEsse procedimento vai ser adotado no REAA praticado pelo GOB? Ritual vigente não menciona o toque.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIrm.·. Pedro, revisitando esta questão, salvo melhor juízo, não consta o prévio toque na transmissão da palavra na orientação publicada no GOB Ritualística.
ResponderExcluirO resgate deste uso e costume ficou para uma outra oportunidade? Questiono isso, pois já queríamos ir ensinando o correto aos AApr.·. ainda que não em vigor, de modo que quando a correção vier eles já saibam o motivo. Isso deu muito certo com a questão da e.·. com os pp.·. acompanhando o piso mos.·.. Os hoje Mestres que já foram sendo instruídos quando AApr.·. e CComp.·. sobre o que era historicamente correto no rito não se espantaram com as correções.